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Cartas de Pokémon tokenizadas geram polêmica como garantia

Um desenvolvedor canadense, conhecido pelo pseudônimo de Keef, está explorando um caminho interessante com seu novo projeto, embora saiba que o público que coleciona cartas de Pokémon não costuma se interessar muito por criptomoedas ou finanças descentralizadas. Ele mesmo reconhece que “Essas pessoas não querem entrar na blockchain”, mencionando a resistência que muitos têm em adotar NFTs como cartas digitais dessa famosa franquia.

Keef está criando uma plataforma que permitirá, futuramente, que colecionadores utilizem essas cartas digitais como garantia para empréstimos. Para ele, é uma proposta atraente, afinal, quem não gostaria de usar suas cartas para conseguir um retorno maior? “É uma maneira de comprar mais cartas e potencializar a coleção”, comenta.

Atualmente, a startup de Keef é mais uma ideia em desenvolvimento, sem um nome definido ainda. Ele está em busca de investimentos para viabilizar o projeto e trabalhando em modelos que lembram a estética dos jogos da era do Game Boy. Essa iniciativa não está à parte, mas se insere num movimento maior de experimentação com tokenização, onde os NFTs que representam cartas de Pokémon buscam uma evolução.

Crescimento do Mercado

A Courtyard, um marketplace dedicado às cartas tokenizadas de Pokémon e outros itens colecionáveis, foi criada na rede de segunda camada do Ethereum, a Polygon, em 2021. E desde então, não parou de crescer. No último mês, a plataforma alcançou impressionantes US$ 78 milhões em volume de vendas, uma alta de quase 2.600% se comparado ao ano anterior, mostrando que o apetite por esses itens só aumenta.

Enquanto isso, outros marketplaces como Collector Crypt e Phygitals, também estão explorando esse campo, emitindo seus NFTs na blockchain Solana. Outro projeto, o RIP.FUN, está em fase beta na rede de escalonamento do Ethereum, chamada Base. Esses NFTs são abertos, permitindo que qualquer um crie um aplicativo para apoiá-los na blockchain.

Para ter uma cobertura ampla, os novos projetos precisam oferecer suporte a várias redes. Keef se prepara para implementar a Polygon e a Solana, além da primeira camada Flow, reconhecendo que o futuro pode trazer novos rivais.

Desafios e Oportunidades no DeFi

Apesar do interesse crescente, a questão de usar cartas de Pokémon como garantia em DeFi tem seus desafios. O cofundador da Courtyard, Nico le Jeune, não vê essa ideia como o foco principal da empresa. Ele acredita que o apelo se restringiria a cartas de alto valor, como as que custam até US$ 200 mil. O retorno sobre empréstimos de cartas que valem apenas algumas dezenas de dólares é menos evidente.

Os empréstimos de NFTs valiosos não são incomuns. Moedas digitais como os CryptoPunks permitem empréstimos que frequentemente valem mais de US$ 100 mil. No entanto, em 2023, alguém pegou emprestado apenas US$ 53 usando um NFT ligado a uma carta de Venusaur avaliada em US$ 300. Infelizmente, não conseguiu fazer os pagamentos e perdeu o NFT.

Com o uso de oráculos para verificar dados de preços de cartas, como os da empresa Card Ladder, a Courtyard busca criar um ambiente mais confiável. O valor das cartas é determinado pela própria plataforma, garantindo uma margem de segurança para as transações.

Uma das ofertas mais populares é uma “máquina de venda automática” que permite aos usuários comprar cartas aleatórias, com valores que vão até US$ 2.500. Também é possível vender essas cartas no marketplace sem taxas ou revendê-las de volta à Courtyard por 90% do valor justo.

Comparações e Perspectivas Futuras

Embora as cartas tokenizadas tenham se popularizado, o futuro vem com suas complexidades. Keef prevê que o preço dessas cartas não oscile muito para evitar liquidações forçadas, que poderiam prejudicar os usuários. No entanto, a credibilidade em relação ao armazenamento e à avaliação das cartas é crucial.

Ryan Zurrer, fundador da Dialectic, alerta para os riscos associados, como a possibilidade de custodiantes físicos agirem de má-fé. Além disso, a confiança em avaliadores de cartas, como a PSA, é fundamental, já que a manipulação de classificações pode inflacionar injustamente os valores.

Por outro lado, Zurrer também vê valor nessa interseção entre cryptocurrencies e colecionáveis. Ele guarda cartas holográficas como um lembrete de que esses itens podem servir como reservas alternativas de valor.

À medida que as cartas de Pokémon se firmam como um produto discutido entre ativos digitais, as perspectivas para outras coleções, como tênis, relógios e até itens de luxo, podem emergir, expandindo ainda mais esse universo fascinante.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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